segunda-feira, 8 de novembro de 2004

PASSO CERTO

ANTONIO ALVES*

O governo federal transmitiu, finalmente, um sinal positivo num assunto de grande importância para o povo acreano: o uso da ayahuasca.

Mais conhecida entre nós como Santo Daime, a ayahuasca foi colocada sob suspeita nos anos 80, chamada de “alucinógeno” e ameaçada de proibição.

Desde então, as comunidades religiosas que a utilizam tiveram que responder a seguidos questionários, receber visitas desconfiadas e conviver com o preconceito público.

Mas o pior foi suportar a desinformação de autoridades federais, especialmente ligadas à segurança pública, que deveriam proteger a liberdade religiosa mas acabavam por colocá-la em risco.

A cada mudança de governo, novas ameaças resultavam em novos estudos e pesquisas e, por fim, em liberações envergonhadas e parciais.

Desta vez, a questão pode ter encontrado termo adequado. A resolução do Conselho Nacional Antidrogas (CONAD) recupera os estudos feitos anteriormente, valoriza a experiência secular das comunidades religiosas e milenar das nações indígenas e conclui: Daime não é droga.

É o que o povo sempre vinha dizendo: ayahuasca é remédio e, usada corretamente, pode combater muitas doenças, inclusive a dependência provocada pelas drogas.

Louve-se a tenacidade e a paciência do jurista Domingos Bernardo Gialuisi de Sá, integrante do Conselho Federal de Entorpecentes, CONFEN, em 1986, que se interessou por estudar a questão com profundidade e, nesses quase vinte anos, traduziu as aspirações de justiça das comunidades.

Não dá pra citar todos, mas deve-se igualmente louvar o empenho de antropólogos, teólogos, farmacologistas, psicólogos, uma porção de cientistas que estudaram os vários aspectos do uso da ayahuasca e ampliaram o incalculável tesouro de conhecimento que o Brasil possui.

Registre-se também o trabalho sério e confiável de várias organizações religiosas e destaque-se a dedicação de uma delas, a União do Vegetal, que se mobilizou sem descanso para conquistar uma regulamentação do uso da ayahuasca.

Parece que demorou muito até que o governo brasileiro desse esse passo. Mas, pensando bem, até que valeu a espera e os aborrecimentos: nesse tempo produziu-se muito e o Brasil conta hoje com uma experiência que pode ser valiosa para os outros países, especialmente os vizinhos amazônicos.

E vamos seguindo, que ainda há muito trabalho a fazer.

*Antonio Alves é O Espírito da Coisa

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi...........

Seu blog é muito bom mesmo.... Adoro ler suas reportagens....



Muito bom mesmo....


Te desejo muito sucesso.....

Anônimo disse...

vi vc no cine amazõnia
lembra -se de mim
simone
beijocas
aqui de rondonia

Anônimo disse...

Conheço seu blog a poucos dias, mas foi o suficiente pra reconhecer sua competência e autenticidade. Parabéns! Ah... e o melhor... é defensor do povo daimista e demais usuários da ayahuasca. Muito grata e vamos seguir na batalha!

iwtako disse...

Caro Amigo Altino!!!!!
Venho até vc pedir uma ajuda em relação a uma coisa que esta encomodando muita gente.
É em relação ao trafico de kambo,que esta se agravando rapidamente,não so pelo brasil,mais tambem pela europa.
Até quando isso vai continuar?Não tem nenhuma altoridade que possa fazer nada?tenho pena dos indios que são enganados,acho que eles não merecem isso.
Gostaria de que alguem olhase para isso,até mesmo porque é uma falta de vergonha ninguem tomar uma providencia em relação a isso.
Vamos defender nosso acre,e tudo que tem nele.
vim até vc,por que gosto muito das suas opiniões. Sou seu fã.
elpidio