sábado, 11 de fevereiro de 2006

SEQUESTRO VIRTUAL

Por Mary Allegreti

Caros amigos


Ontem, dia 10 de fevereiro de 2006, eu e meu irmão Fernando fomos vítimas de um sequestro por telefone e uma extorção financeira que nos deixou indignados! Queremos partilhar com vocês a experiência de horror para evitar que outros inocentes caiam nas mãos dessa quadrilha.

Eu recebi um telefonema de uma pessoa que afirmou ter sequestrado meu irmão, dando detalhes dele e de eventos relacionados à nossa família - como o fato de que nossa mãe faz hoje 88 anos - dizendo que tudo sairia bem se eu cumprisse suas ordens; caso eu envolvesse alguém, ele mataria o meu irmão.

Com o celular ligado o tempo todo, saí correndo até o banco, depositei o valor solicitado e fiquei insistindo para receber notícias confirmando que meu irmão havia sido libertado. O sequestrador começou então a pedir cartões telefônicos enquanto fazia mais ameaças. Assim que sacou o dinheiro, desligou e desapareceu.

Acionamos a polícia e ficamos tentando encontrar meu irmão sem sucesso por mais de duas horas. Já estávamos desesperados quando ele ligou, assustado, dizendo que EU havia sido sequestrada, que ele pagara o resgate mas não sabia onde eu estava. Meu filho, ao atender o telefone, exclamou "Graças a Deus", sem que meu irmão tivesse tempo de entender o que estava acontecendo porque a bateria do celular dele havia acabado.

O que acontecera no mundo real: no mesmo momento eu que o bandido entrou em contato comigo também ligou para o meu irmão, em outro lugar da cidade, e começou a falar conosco nos mesmos termos, como numa brincadeira macabra, dizendo para um que o outro havia sido sequestrado. Meu irmão ficou quatro horas sob ameaças e comprou 2 mil reais em cartões, cujos códigos iam abastecendo o crime, imaginando que com isso estava garantindo a minha vida.

Segurança total
Em menos de uma hora, esses caras extorquiram 10 mil reais por telefone (mais as contas telefônicas de horas de ligações a cobrar que ainda vão chegar) em uma modalidade de sequestro virtual e simultâneo que eu, que ando mais fora do que no Brasil, nem sequer sabia que podia existir - sem sair do lugar, sem correr o risco de enfrentar reação, de dar errado, de planejar logística, contratar comparsas, de receber uma bala.... Nada. Segurança total.

O mais irônico é que nem o risco de ser preso por um ato como esse existe porque, segundo informações da Divisão de Sequestro da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, essas pessoas estão fazendo esse tipo de assalto de dentro de uma prisão do Rio de Janeiro!!! E nós os abastecemos de cartões telefônicos e dinheiro para eles continuarem a aplicar o mesmo golpe sujo de coação emocional em pessoas que sequer desconfiam que esse tipo de engenhosidade perversa possa estar acontecendo nesse nosso selvagem país.

Informação é segurança. Saber que esse tipo de golpe existe pode ser a maneira mais segura de evitá-lo. Divulgue essa nota. Obrigada.

Nota: Leia o blog da antropóloga Mary Allegretti.

Um comentário:

Anônimo disse...

"...eu, que ando mais fora do que no Brasil,..."

Pois é. Rendeu bem.