quarta-feira, 26 de julho de 2006

AMEAÇADO DE MORTE

O secretário de Meio Ambiente do Acre, Carlos Edegard de Deus, está sendo ameaçado de morte supostamente pela quadrilha de madeireiros, funcionários públicos e despachantes desarticulada pela operação Novo Empate, em junho, nos estados do Acre e Rondônia.

Desde que as ameaças começaram, Edegard de Deus e família andam sob discreta proteção policial. Ele é biólogo, presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e professor da Universidade Federal do Acre.


O secretário de Segurança Pública, Antonio Monteiro, disse que as ameaças estão sendo investigadas pelas polícias Civil e Federal.

- Já chegamos a realizar acareação entre dois suspeitos de autoria das ameaças contra o secretário, mas ambos negaram tudo. Queremos manter os nomes dos envolvidos em sigilo para não atrapalhar as investigações - afirmou Monteiro.

Edegar de Deus colaborou com as investigações da Polícia Federal contra a quadrilha que comercializava madeira extraída ilegalmente na Amazônia. O grupo viabilizava a extração ilegal de madeira e obtinha elevado lucro. Fraudava o sistema de controle de Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), utilizando empresas fantasmas e empresas legalmente estabelecidas.

A quadrilha, segundo a PF, "esquentava" o estoque de madeira dos estados do Acre e de Rondônia. Das 15.812 ATPFs expedidas em 2004, 7.540 estavam destinadas a uma mesma pessoa que servia de elo entre os funcionários do Ibama e Imac com os madeireiros.

As ATPFs eram expedidas em nome de madeireiras legais ou "fantasmas", que operavam vendas fictícias de madeira para outros Estados. A madeira não saia do Acre, mas as guias eram usadas para "esquentar" o produto retirado ilegamente nas florestas de Nova Califórnia, Nova Mamoré, Guajará-Mirim, Cujubi e Buriti, em Rondônia. Cada ATPF custava em média de R$ 4 mil.

Ao todo foram feitas 33 prisões temporárias, no Acre (23), Mato Grosso (1), Rondônia (8) e Amazonas (1). Em três anos, segundo cálculo do Ibama, a quadrilha comercializou ilegalmente 150 mil metros cúbicos de madeira, avaliados em R$ 45 milhões.

Edegard de Deus, que não foi encontrado para se manifestar, teria recebido carta e telefonemas com ameaças de morte.

Mais informações sobre a operação Novo Empate podem ser obtidas no site da Secretaria de Meio Ambiente do Acre. Crédito da foto: Sérgio Valle.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Altino: enquanto a lei for leniente com o crime, a fiscalização inócua e as políticas públicas omissas e, por isso mesmo, cúmplices da bandidagem, quem anda dentro da lei é que fica daunbailó, à margem. Este, para mim, é o pior, o mais abjeto paradoxo que este país abriga porque faz crer que "todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros", nutre a sensação de que "não vai dar em nada". Tem que pegar pesado com esse funcionários que, investidos em função pública, prevaricam e entregam o passe ao diabo. É no (des)serviço Público (sic, maiúsculo) que está a medula da corrupção. É ali que tem que dar a primeira paulada. Não se trata nem de recreduscer as leis, pero que las hay, las hay, e sim de dar celeridade, celeridade, celeridade e constância, constância, constância à fiscalização e à punição das irregularidades. Não precisamos de heróis, nem queremos. Já bastam Chico, Irmã Dorothy e tantos outros anônimos defensores da natureza e, por acréscimo, dessa espécie ainda desavergonhada, homo sapiens sapiens, bicho que sabe, mas ignora por covardia e ganância.

Anônimo disse...

Nos assusta imaginar, não precisamos de um novo mártir no Acre! Queremos o Edgard vivo! E viva a floresta!