quinta-feira, 31 de agosto de 2006

JAPÃO FILMA OS GEOGLIFOS



Documentário será assistido por 30 milhões de pessoas

Uma equipe da Tokyo Broadcasting System está no Acre para realizar o primeiro documentário internacional sobre os geoglifos. Dirigido por Minoru Nakamura, o documentário terá uma hora de duração e será exibido no Japão, em março, para 30 milhões de pessoas.


Os documentários de Minoru Nakamura sempre abordam temas ligados às civilizações pré-históricas. Ele são exibidos uma vez por ano e exercem forte influência nas viagens de turistas japoneses para diversas partes do mundo.

Nakamura disse que as grandes civilizações se organizaram próximas dos grandes rios, mas até hoje não há constatação de que o mesmo tenha ocorrido na Amazônia. Ele acredita que os geoglifos são uma evidência de que uma grande civilização também se estabeleceu na região.

Guiados pelo palentólogo Alceu Ranzi, da Prefeitura de Rio Branco, que é o maior estudioso e divulgador dos geoglifos, os japoneses já visitaram três áreas ao longo da BR-317, na confluência dos estados do Acre e Amazonas. Os geoglifos também estão sendo filmados em sobrevôo, que é o melhor meio para visualizar a imponência deles no ambiente.

A equipe japonesa vai acompanhar futuramente as escavações que serão relaizadas sob a coordenação da arqueóloga Denise Schaan, do Museu Paraense Emílio Goeldi, com a participação do casal de arqueólogos finlandeses Heli Pärssinen e Martti Pärssinen, da Universidade de Helsinque, associada na pesquisa à Universidade Federal do Acre.

Já foram identificados mais de 120 geoglifos no Acre, mas a construção deles permanece um enigma. Os japoneses estão interessados em documentar todos os anos os resultados dos estudos. As imagens de satélite do Google Earth permitiram triplicar a quantidade de geoglifos identificados. Um artigo científico a respeito será publicado em breve por três pesquisadores.

Denise Schaan, que tomou conhecimento dos geoglifos a partir de fotos enviadas por Alceu Ranzi, considera-os uma das descobertas mais fantásticas da arqueologia amazônica – ou sul-americana – dos últimos tempos.


No Acre, a partir dos geoglifos, surgem evidências de que também se desenvolveram sociedades complexas na Amazônia, que promoveram enorme alteração na paisagem. Os pesquisadores trabalham com a hipótese de que no Acre, há mil anos, viveram sociedades mais numerosas do que a população existente hoje.

Os acreanos ainda demonstram enorme desconhecimento em relação aos geoglifos. Embora não exista nada organizado para facilitar o acesso do público, o arqueólogo finlandês Martti Pärssinen acredita que seja fácil o tombá-los como patrimônio da humanidade. Por enquanto, não foi sequer tombado pelo Estado ou municípios.

Pesquisas para conhecer algo a respeito da civilização que construiu os geoglifos e a abertura ao turismo poderiam contribuir pesadamente para protegê-los. Apesar da divulgação, alguns geoglifos têm sido afetados por tratores ou torres de transmissão de energia elétrica.

Há poucos meses, por exemplo, Alceu Ranzi tomou conhecimento que um poste do programa Luz para Todos iria ser instalado sobre um geoglifo na BR-317. Procurou o coordenador do programa no Acre, que confessou não saber o que são geoglifos.

Os apelos do pesquisador não foram suficientes para impedir um crime: a fixação de um poste, que poderia ter sido desviado de um dos geoglifos mais imponentes, na BR-317, em forma de quadrado com um círculo dentro, na fazenda de Jacó Sá.

Após 12 horas em campo, entrevistei o diretor Minoru Nakamura, com auxílio do intérprete Mário Obara. Assista ao vídeo clicando na setinha abaixo.




Assista ao vídeo no qual aparecem o paleontólogo Alceu Ranzi e a equipe da TBS percorrendo um pequeno trecho de um geoglifo na BR-317. Ranzi dá explicações em inglês ao repórter Katsuhiko Hibino.



Há 17 anos, quando se estabeleceu no projeto Pedro Peixoto, o paranaense Antonio Rufino derrubou a floresta e tocou fogo para formar um pasto em sua propriedade de 154 hectares, no ramal Areia Branca.

Quando o geoglifo em sua propriedade se tornou visível, ouviu explicações de vizinhos de que eram trincheiras abertas pelos seringueiros brasileiros da Revolução Acreana durante os combates com o exército da Bolívia.

Ele agora gosta de receber visitantes interessados em conhecer os dois monumentais geoglifos existentes em sua propriedade. Assista a entrevista.




Leia mais:

Os geoglifos do Acre
Janela para o passado
Geoglifos da Amazônia

Veja fotos:
Fazenda Arizona
Fazenda Atlântica
Fazenda Baixa Verde
Fazenda Quinauá

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom ver o professor Alceu divulgando o seu trabalho para o mundo.
Mas fica uma questão? Se não tivessem feito pastagens como teriam descoberto os geoglífos? Sou pelo tombamento como patrimônio da humanidade essa riqueza que esta ai. Será que através de satélites não seria possível descobrir outros mesmo não tendo que derrubar as matas? Fica minhas indagações no ar?
Bom dia Professor Alceu e bom dia meu amigo Altino (troca-letras). Pessoas que admiro muito.

Anônimo disse...

Fique sabendo de um estrutura dentro de um dos rios nessa região, seria interessante verificar, minha fonte não me precisou o rio mas é nessa região com certeza.

conflito pleno disse...

Cara Marystela, existe uma tecnologia relativamente recente de radar q possui um sinal capaz de ultrapassar a densa camada de copa das árvores e atingir o solo, porém creio eu q dificilmente será empregado em buscas arqueológicas, já que os interesses reais devem estar na mineração, creio eu.
Aproveito para sugerir que divulguem as coordenadas de latitude e longitude para que pudéssemos visualizar no GoogleEarth.

Anônimo disse...

Perto de Porto Valter,e Campo Santana tem uma imagem dentro do rio da região, tipo aqueles desenhos astecas, tambem pode ser que seja uma imagem distorcida comum do google ou estou colocando chifre em cabeça de cavalo!

Anônimo disse...

2000 pés, 8º17'38.15"S 72º43'36.53"O ,180º ao sul, dentro do rio