
"Von Roosmalen é um cientista, que, por sua obra, merece o nosso respeito e a nossa defesa. A alegada desobediência burocrática não justifica a pena. Não há noticia de penas semelhantes aplicadas a burocratas que nunca respondem aos pedidos de autorização: formal e pacientemente solicitados por pesquisadores", afirmou.
Candotti disse que a sociedade, comunidade cientifica, governo e Congresso devem decidir se a pesquisa cientifica é uma ameaça ao patrimônio público, se as intervenções na natureza, usuais na pesquisa, podem perturbar e colocar em risco os equilíbrios ecológicos que a Constituição do país manda preservar para as futuras gerações. "Uma vez comprovado que a pesquisa cientifica não perturba a natureza, mas apenas a estuda, interferindo, sim, mas sem comprometer os equilíbrios ecológicos, então a pesquisa deve ser definitivamente descriminalizada".
Mais de duas mil pessoas prestigiaram a solenidade de abertura, no Centro de Convenções da Amazônia. Candotti disse que a pesquisa não pode ser objeto de ações de vigilância e punição por parte da polícia federal ou ambiental, dando a burocratas e agentes armados a missão de controlar e tolerar o estudo e a educação. "Pesquisar, entender, estudar são direitos fundamentais, como o ir e o vir, reunir-se, falar, expressar idéias e opiniões".
Segundo Candotti, outro aspecto da pesquisa cientifica que deve ser esclarecido com a sociedade e o Congresso é o intercâmbio cientifico internacional, que não pode ser confundido com biopirataria. "Ele é necessário, dependemos dele e aprendemos com ele, através do livre intercâmbio de idéias com nossos colegas de institutos de pesquisas de outros países, a entender o mundo em que vivemos".
O presidente da SBPC assinalou que "a biopirataria deve, sim, ser combatida, mas é preciso saber distinguir entre quem trabalha para conhecer a natureza e divulgar ao público seus conhecimentos e quem faz trafico de informações e conhecimentos científicos ou tradicionais". Ele chegou a sugerir aos presidentes Lula, Hugo Chaves (Colômbia) e Nestor Kirchner (Argentina), que, ao pensar e negociar acordos tarifários para os mercados da economia e da energia, pensem também no intercâmbio científico e universitário.
"Creio que, mais do que um gasoduto atravessando a América Latina, precisamos de um “cerebroduto”, um “matemaduto”, que promova a circulação de idéias e competências. Que acelere a formação de engenheiros, biólogos, geólogos, historiadores, antropólogos para a região", afirmou Candotti, levantando aplausos do público.
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Um comentário:
Muito boa a matéria!
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