quinta-feira, 18 de outubro de 2007

ÁLCOOL VERDE "AMARELA"


A participação do Governo do Acre (5%) e dos empresários acreanos (25%) no consórcio da usina Álcool Verde tem inviabilizado o Grupo Farias de avançar no empreendimento para a produção de álcool e açúcar no Estado.

Existem impedimentos legais para o governo estadual participar do investimento e os empresários acreanos que se tornaram sócios não dispõem de capital suficiente para acompanhar o acionista majoritário.

E é por isso que o Grupo Farias está transferindo capital e equipamentos da Álcool Verde para uma outra usina no Mato Grosso.

Como nunca houve transparência na condução do empreendimento, o governo e os empresários não se cansam de plantar a mentira de que o capital da Álcool Verde foge do Acre porque a Promotoria de Defesa de Meio Ambiente agiu com rigor após alertas deste blog a respeito do faz-de-conta daquele que era considerado o maior empreendimento no Estado.

No mês passado, o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) foi recomendado a suspender imediatamente, por determinação da promotora Meri Cristina do Amaral Gonçalves, da Defesa de Meio Ambiente, a Licença de Instalação da usina Álcool Verde.

Por ser considerado "inservível" à finalidade expressa na legislação ambiental, a promotoria exige que seja reavaliado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Grupo Farias.


O governo estadual, os empresários acreanos e o Grupo Farias achavam que poderiam produzir etanol a qualquer custo, convertendo pastagem em canavial ao logo da BR-317, sem respeitar a legislação ambiental.

A situação faz lembrar quando os veículos de comunicação do Acre ficavam em cadeia para que o então governador Orleir Cameli pudesse me responsabilizar pela imagem negativa do Acre no país e pela conseqüente falta de investimentos do governo federal. Cumprindo o papel de tentar tapar o sol com peneira, veja o que diz hoje a coluna Bom Dia, do jornal A Tribuna:

"Explodiu de vez a situação da usina Álcool Verde no Estado. Pressionado pela decisão do Ministério Público para rever todo o processo de licenciamento ambiental, a empresa preferiu desmobilizar o processo de instalação, demitiu mais de 200 trabalhadores e já começa a mandar equipamento embora do Acre.

A crise e grave, porque o projeto já estava em vias de ser implantado, com investimentos já realizados, com real perspectiva de produção e de geração de emprego e com o apoio explícito do governo estadual".

Leia as demais notinhas plantadas na Tribuna clicando na imagem acima.

7 comentários:

Anônimo disse...

O José Alves já sabia o quanto poderia esperar da produção de açucar a partir da cana, no Acre. Roberto Rodriges, um dos mais influentes especialistas na produção das commodities, influente entre os executivos do agribusiness, diz com todas as letras que a cana na Amazônia será um canudo cheio de água. O clima não transformará essa água em açucar. Pelo menos, não na quantidade que torne rentável o negócio. O governo do Acre poderia ter embarcado noutra canoa ao pretender dar uso às terras da alcobrás.

Anônimo disse...

ate quando esa floresta e a florestania vao atrasar o progresso ?

Anônimo disse...

Na verdade, a possivel saída do Grupo Farias da produção de alcool no Acre faz parte de uma estratégia muito maior, e a questão do EIA/RIMA pode ser apenas a gota d'água.
O Grupo Farias é um dos maiores exportadores de açucar e alcool do Brasil, juntamene com o outro sócio deles na Alcool Verde os usineiros da familia BIASI de Ribeirão Preto, que entraram no negócio por recomendação do Palocci, a pedido do Jorge Viana. Agora a produção de biocombustivel está na berlinda sendo criticado no mundo todo pela substituição das áreas produtoras de alimentos. Quando a isso se associa a questão do desmatamento e da Amazônia é ''nitroglicerina pura''. Como o Acre tem uma grande visibilidade junto às ONGs internacionais, associar o Grupo Farias a impactos ambientais na Amazonia e justamente no Acre, pode levar a um boicote internacional a seus produtos, com a pressão de grupos organizados sobre a opinião pública e consumidores. Isso pode representar a perda de mercados importantes e de milhões de dólares! Dizem que o desmatamento subiu no Acre, se isso for associado à presença da industria canavieira no Estado o estrago tá feito, com efeito cascata sobre tudo o que o Lula vem pregando e o Min. Stephannes também, inclusive com a tentativa de proibir, por lei o M.P., o plantio de cana na Amazonia. Qualquer grande empresa, com ações na bolsa, com uma assessoria razoável, repensa seus investimentos nesta hora. Acredito que o mesmo deve ter ocorrido com o Grupo Bertin e seu frigorífico para abater 20.000 cabeças no Acre!
Ninguém quer arriscar sua imagem num Estado que tem massa crítica para barrar isso, vejamos o caso da prospecção de gás no Juruá, a coisa só não foi escancarada por causa da opinião pública, do controle social. O mesmo ocorreu com um empreendimento do apresentador Carlos Massa (Ratinho) no Juruá para manejo florestal em que os índios se mobilizaram e pararam o negócio.
Ao contrário de isso representar um atraso ao progresso, representa uma certa maturidade das lideranças (poucas!), que estão vigilantes para dar coerencia na formação de uma biocivilização no Acre, estágio superior da florestania.

Anônimo disse...

Apenas para citar:
"No caso da soja e da cana, já existem estudos no Brasil comprovando que o seu monocultivo altera o equilíbrio das chuvas, que se concentram mais num determinado período do ano e tornam-se mais intensas, mas torrenciais. Além do mais, essas águas, na ausência da biodiversidade para equilibrar e abastecer-se delas, correm com maior intensidade para os rios ou para o lençol freático. Há, também, estudos que mostram o aumento das temperaturas médias bem como o aumento da incidência das secas em regiões de monocultivo. Isto, sem levar em consideração que, no caso da cana, temos o agravante das queimadas que são feitas e com isso lançam gás carbônico para a atmosfera.
As regiões de cana do Brasil são as regiões de maior concentração de riqueza e maior existência de pobreza. Ribeirão Preto é um exemplo. No centro do Estado de São Paulo, que é considerado pela burguesia a Califórnia brasileira, pelo seu elevado desenvolvimento tecnológico na cana, faz 30 anos, essa cidade produzia todos os alimentos, possuía camponeses no interior e, de fato, era uma região rica e com distribuição eqüitativa da renda. Atualmente, é um imenso canavial com 30 usinas que controlam a terra. Na cidade existem 100 mil pessoas que vivem em favelas; a população carcerária é de 3.813 pessoas – somente adultas – enquanto que a população que vive da agricultura e tem trabalho naquela região é de somente 2.412 pessoas, incluindo as crianças.
Outro exemplo é que a vida útil dos escravos no Brasil era de aproximadamente 10 anos. A do cortador de cana hoje é de 15. O mesmo bóia fria que, nos anos 1970, cortava até 10 toneladas de cana por dia, hoje corta até 20... Além disso, a atividade canavieira ainda pratica o pagamento por produtividade, o que não ocorre em qualquer outro lugar"
(João Pedro Stedile, membro da direção do MST e da Via Campesina Brasil).

Que futuro queremos para o Acre?

Anônimo disse...

O Anônimo das 7:37 PM pergunta "que futuro queremos para o Acre?". Você me fez lembrar de uma palestra feita pelo, então governador (ou ele era senador? não lembro. mas vai...). Lá pelas tantas, com toda a empáfia própria de pessoas muito bem informadas e muito senhor de si, ele afirmou, mostrando a indignação dele contra os ecologistas: "que venha o progresso, quero encher meus pumões de fumaça, eu quero o progresso". Foi aplaudido pra burro. Pois é. Acho que muitos são os defensores do "progresso do kalume" aqui no Acre. Pergunta para os deputados, até deputado comunista, todos defendem empreendimentos tipo álcool verde? Você não viu a reação a medida do Ministério Público? Então?

Anônimo disse...

O Anônimo das 7:12 PM tem muita razão e suas análises são consistentes em muitos aspectos. Entretanto, cabe a consideração de outras possibilidades que incluem mais do que as estratégias indicadas.

Cabe uma estorinha: chegou no Brasil um espertalhão, dizendo contar com muita grana, que terminou se apossando de uma das maiores marcas brasileiras: o Corinthians. Alguns conselheiros do clubes a vista dfa origem do referido senhor, pois é o Kia, acharam melhor se acautelarem e exigiram que todos os negócios realizados com os recursos do tal senhor apresentassem comprovação de origem. Nessa fase, a imprensa ainda deu espaços para esses conselheiros ranzinzas e ficaram com um pé atrás. Entretanto, a partir de um dado momento o tal Kia era recebido nos estádios distribuindo autógrafos e cercados pêla imprensa. Os tais cronistas celebravam o fato do homem ter, até, aprendido falar português. Ou seja, diante de uma farta distribuição de grana o hoem passou a ser uma unanimidade. Seus detratores ficaram meio esquecidos em seus receios.

O que estou chamando a atenção é para o fato de que dificuldades de imagens não inviabilizam o avanço das forças do capital em sua busca avassaladora por acumulação. Lembram de um tema que dia desses andou por aqui? Pois é os "comitês de crise" não são invenção para conseguir emprego para especialsitas em comunicação social e/ou jornalistas. São peças imprescindível das grandes corporações. O livro do Luciano Martins - O mal-estar da globalização - nos ensina muito a propósito disso (a recomendação da leitura desse livro vale, infinitas vezes, mais do que o dispêndio que custeiou a ida da especialsita em crise (aliás, ela se mostrou especialista na criação de).

Um exemplo mais e só: os Estados Unidos não são signatários do termo de Kyoto, em nome do desempenho de sua economia, ou seja, em nome da lucratividade de suas empresas. Tudo bem que este é uma amostra limites, mas que tal começarmos por aí?

Anônimo disse...

Queremos um Acre, com escolas, sem vagabundos invasores de terra, com bois, frigorificos, usinas, soja, alogdao, cana, industria... ou seja um estado que tem a contribuir com o Brasil.