sábado, 17 de maio de 2008

FALA, MEIRELLES


O jornalista Elson Martins e o antropólogo Terri Vale de Aquino entrevistaram durante quatro horas o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Júnior.

O sertanista fala de Santa Rita do Passo Quatro (SP), onde passou a infância e manteve contato íntimo com a natureza que marcaram para sempre a sua vida, da família do interior paulista, da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, onde cursou até o terceiro ano, e do tiro de espingarda no peito que, se não lhe tirou a vida, mudou a sua história pessoal.

Escapou do tiro e da engenharia para ser indigenista e auxiliar de sertanista da Funai entre índios ainda isolados no Maranhão. Conta as primeiras experiências com os índios Urubu Kaapor e Awa Guajá na pré-Amazônia maranhense e da vivência como “auxiliar de sertanista” na Frente de Atração Awa Guajá, no alto rio Turiaçú.

Também aborda o início do seu trabalho de indigenista e sertanista no Acre, os dez anos que passou como chefe do Posto Indígena Mamoadate, além do seu trágico encontro com os índios isolados Mashko, nas cabeceiras do rio Iaco, acima da foz do igarapé Abismo, onde as circunstâncias o forçaram a matar um deles.

Vale a pena conferir o relato da experiência exemplar de José Carlos dos Reis Meirelles nos seus últimos 20 anos como sertanista nas cabeceiras dos altos rios Envira e Tarauacá, protegendo grupos indígenas ainda isolados, “os invisíveis”, e garantindo-lhes parte de seus antigos territórios tradicionais ao longo de nossa extensa fronteira com o Peru.

Meirelles tem denunciado que as florestas do lado peruano já foram todas loteadas para exploração madeireira e que essa exploração desordenada já atingiu às cabeceiras dos rios Amônia, Breu, Jordão, Juruá, Envira e Purus.

As concessões de lotes para exploração madeireira em toda a selva do Oriente peruano tem causado graves conseqüências para os povos isolados de ambos os lados da fronteira.

Vale a pena conferir as três primeiras partes da longa entrevista que estão sendo publicadas neste blog a pedido do Txai Terri Aquino.

Como os índios entraram na vida do Meirelles

As lições maranhenses do sertanista

Novo tempo histórico dos direitos indígenas no Acre

Entrevista

José Carlos dos Reis Meirelles Júnior é colaborador deste blog. Leia mais aqui.

6 comentários:

Unknown disse...

Penso que meirelles é um homem amargurado pela morte do indio que ameaçou a vida dele e do sogro.Ele nunca conseguiu ultrepassar este acidente.Por isso as sauas ideias acerca da minoridade dos indios são polemicas.Se o indio é cidadão brasileiro deve estar sujeito ás leis nacionais.Se não é deve ser tratado como imigrante

Anônimo disse...

"Se o indio é cidadão brasileiro deve estar sujeito ás leis nacionais.Se não é deve ser tratado como imigrante"

Os indios são um patrimonio brasileiro, já estavam aqui antes dos colonizadores. Devem submeter a uma lei especial e não ser tratado como um imigrante já que não imigrou e nem emigrou para nenhum lugar...

Anônimo disse...

A meu ver, antonio, nós deveriamos estar submetidos às leis indigenas, e não o contrário. Desde que chegamos no territorio nacional, só depredamos os recursos, tomamos tudo como nosso, e o mínimo que deve acontecer agora, é a proteção à toda população de excluidos e minorias que vivem no país.

Sr do Vale disse...

Sobre Meireles, tenho que conhece-lo melhor para opnar, sobre a morte do indio por um indianista, soa com uma incoêrencia tamanha, mas preciso conhecer melhor os fatos, ai sim poderei expor meu ponto de vista.
Sobre o comentário infeliz do Antonio, digo que se os indios estavam antes da chegada dos invasores (colonizadores), nós descendentes destes é que deveriamos estudar e compreender quais as leis indigenas, e nos colocarmos sobre suas regras e não impor uma nova, delimitando território ou até limitando, como foi o caso do parque nacional do xingú, onde várias etnias que não se 'bicavam' foram colocadas em um mesmo lugar, uma imposição para deixar o território livre para exploração.

Unknown disse...

Olá, fiquei muito interessado nas fotografias que você tirou perto com a fronteira do Peru. Gostaria de saber se pode me fornecer as coordenadas para que eu possa ver via-satélite. Sou grato. Blindz012@gmail.com

Unknown disse...

Olá, gostaria muito de entender a visão do Meirelles, a qual defende a quebra do isolamento indígena. Não entendo como um profissional que vive para a defesa da cultura indígena não defenda a sua manutenção.