sexta-feira, 8 de julho de 2005

É DO BARULHO

Quem pode mais chora menos?

Por Silvana Rossi (*)

São 23h45 do dia 7 de julho de 2005, exatos 34 dias após a criação da primeira APA municipal do Acre, a Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra, localizada no bairro Irineu Serra, berço da cultura do Santo Daime.

A área foi criada para proteção da fauna e flora locais, com intenções de ordenamento territorial para que não haja invasões e que ocorra um controle ambiental efetivo.

No tocante à questão cultural, a maior preocupação é preservar o espaço onde estão localizados os centros religiosos e se congrega o ritual do Santo Daime, há mais de 50 anos.

Por estes motivos, comunidade e governo, sintonizados na importância da área, fizeram o movimento para a criação da unidade de conservação, gerando uma grande articulação política para que fosse decretada a unidade no Dia Mundial do Meio Ambiente.

Várias batalhas foram travadas para dar voz à comunidade e para que possa entender seus direitos e deveres neste tipo de espaço preservado, mas é percebido que o uso indevido do poder de alguns cidadãos que se dizem autoridade impõe uma falsa moral à situação em que se encontra os humildes moradores do bairro.

Para exemplificar esta minha argumentação identificamos, nós moradores, que há uma iniciativa de invasão de terras na APA e ocorreu uma grande queimada durante toda a tarde de hoje, justamente para promover o assentamento irregular dos invasores. Tentamos comunicação com as autoridades ligadas ao meio ambiente municipal e houve uma resposta evasiva sobre os procedimentos a serem tomados neste caso de invasão.

Para completar, à noite, por volta de 23 horas, um som ensurdecedor tomou conta da vila. Acordei e me dirigi

ao local para tentar algum acordo com o dono da festa que, coincidentemente é filho do dono do espaço, um cidadão chamado Mirtil Carvalho . Este local é destinado a eventos como seminários, conferências, etc.

O proprietário participou das reuniões comunitárias, da consulta pública e do decreto de criação da APA e estava consciente de que o local não deve ser destinado a festas promovidas com som alto e bebida alcoólica. Inclusive o decreto especifica um artigo neste sentido, mas quando fui buscar uma intermediação no local, o dono da festa argumentou que a área dele era particular, que ele tinha o decreto e poderia interpretá-lo de várias maneiras, fazendo questão de dizer que era advogado, que teve autorização do promotor público Cosme e que o Conselho Gestor da APA não havia sido constituído ainda, por isso não tinha nenhum domínio sobre a situação.

Voltei para casa buscando tomar uma providência, mcontatando também a presidente da Associação dos Moradores da Vila Irineu Serra, que mora praticamente ao lado do local citado, mas para nosso espanto, a polícia militar se esquivou do assunto dizendo que a ocorrência deveria ser feito pelo Pelotão Florestal, que por sua vez nos informou que não pode agir sozinho e sim em parceria com o IMAC e deixou um número de plantão do instituto, porém o plantão não funciona.

Ficamos aturdidas, a quem recorrer? Tentamos falar com o Gerente de Meio Ambiente da Prefeitura de Rio Branco, com o Secretario de Estado de Meio Ambiente e com o promotor público Cosme, sem sucesso.

Eu, moradora do local pergunto a quem possa me responder, para que serve todo esse movimento se, em uma hora destas não temos a quem recorrer? O proprietário do local sabe disso, por isso abusa do poder que acredita poder ter.

Agora, 2h20 da madrugada escrevo este manifesto (já que não consigo dormir) para enviar à imprensa, quem sabe ela possa nos ajudar...

*Silvana Rossi é moradora da APA Raimundo Irineu Serra

Um comentário:

Anônimo disse...

Volta pra cama, mulher. Deixa que amanhã o Jorge resolve isso. Elle resolve tudo. Fica calma.